domingo, 6 de maio de 2007

Eleições Francesas

Hoje é o dia de todas as decisões em França. Aqui transcrevemos o post do José Aleixo Martins:

Ele é como Blair, mas com mais sangue na guelra. Ela... é como ela mesma, porque na política nenhuma mulher se parece com outra. Há quem lhe chame a mamã de ferro. Sarko e Sego são as personagens do dia. Um deles chegará ao Eliseu. Com eles a França diz hoje adeus aos seus mamutes da política, esses próceres que pareciam feitos para transportar o peso do Estado sobre os ombros.
Ambos são actores de primeira, de grande impacto mediático. Ele é aristocrata e judeu. Arrogante e eléctrico, resoluto e ambicioso, esperto e sedutor. Tem um ego como um piano. Ela é fria e ordenada, peculiar e obstinada, elegante e um pouco indolente. Com o seu sorriso límpido que mais parece um resquício de timidez trazida da infância. Diz-se que teve uma infância austera, vestindo sempre os trajes herdados das irmãs, o que fez dela a mulher sóbria que é hoje. Por alguma razão teimou em não seguir os conselhos dos seus assessores de imagem...
Sarkozy e Ségolène partilham alguns detalhes biográficos. Quando eram novos, ambos se opuseram ao respectivo progenitor. O pai de Ségolène era coronel de artilharia que quis construir uma família à imagem e semelhança da família castrense (teve oito filhos). Quando Ségolène tinha 19 anos perguntou ao pai porque negava o divórcio à mãe e não lhe pagava a pensão. Paul Sarkozy, pai do líder da UMP, saiu do Leste fugindo do exército vermelho e instalou-se em França, onde contraiu matrimónio com a filha de um judeu sefardita (Paul era asquenazi). Também ele se despediu à francesa — embora fosse húngaro — e, tal como Ségolène, o jovem Nicolas teve que enfrentar o pai nos tribunais por não pagar a pensão alimentar. Paul nunca apoiou o filho nas suas aspirações políticas. Bem pelo contrário, fartou-se de lhe dizer que nunca seria aceite por não ter pedigri francês. “Para isso, tens que ir para os Estados Unidos”, repetia constantemente. Pelos vistos, Paul Sarkozy equivocou-se.

Uma coisa é certa: bisbilhotices à parte, os franceses estão fartos da crise política que começou com as eleições presidenciais de 2002 e continuou com o referendo ao Tratado Constitucional e as mobilizações do ano passado contra o CPE. A desconfiança é aguda e a confusão generalizada.
O futuro dirá, no rescaldo do acto eleitoral de hoje, se se tratou de um drama eleitoral tradicional ou de uma tragédia política.

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