domingo, 5 de agosto de 2007

Socialismo Moderno, Arte Antiga

Estranho mundo este, onde a Arte é colocada fora do Museu, sobretudo depois de demonstar cabalmente Arte para a Arte de dirigir o mesmo.
Uns artistas, estes socialistas.

Actualidade ou História?

Filme fantástico. Saiu no início do ano mas já anda nos clubes de video.
Tratará do passado ou de certos presentes?
Exagero, dirão uns... Que inveja, pensarão outros...
Ver análise aqui.

A pergunta

Alguém me explica por que carga de água é que dirigir um museu é, ou deve ser, um cargo de confiança política? Não será por aí que se constrói o nosso atraso? A cada ciclo político, mais do que termos os melhores, continuamos a ter gente de brilhantes carreiras partidárias. E será que militar numa concelhia ou numa distrital de organizações todas com menos sócios que o ACP nos dá garantia de qualidade? Será que a nomeação dos amigalhaços, em ciclos de dois ou três anos, permite valorizar instituições que devem ter alma para décadas? De pobres que sempre fomos estaremos em breve indigentes.
É a vida. Será?

sábado, 4 de agosto de 2007

Velhos são os trapos

Porque estamos de férias:

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Slippery slope

Em sintonia com o que dizíamos já em post do mês passado no Briteiros, atentemos no que encontrámos na Visão desta semana:

"A proposta de lei [regime de carreiras, remunerações e vínculos na AP] visa a consagração de um regime altamente negativo para o futuro de uma Administração que se quer isenta, independente e ao serviço da sociedade.
Arrepia e deixa quase sem palavras aqueles que acreditam e sempre acreditaram na necessidade de construir uma Administração ao serviço do cidadão.

Efectivamente, vivemos hoje numa Administração Pública fortemente politizada. Pois sê-lo-á muito mais no futuro. Atente-se que todas as comissões de serviço dos dirigentes cessam com a mudança do Governo. Os cargos dirigentes estão, assim, na inteira disponibilidade do poder político. São esses dirigentes politizados que vão preparar os orçamentos e mapas de pessoal que podem significar despedimentos. São esses dirigentes que vão decidir das remunerações efectivamente praticadas e negociar, caso a caso, a remuneração que vai constar do contrato individual de trabalho. São esses dirigentes que vão, na prática, decidir se dispensam habilitações de admissão. São esses dirigentes que vão proceder à avaliação do desempenho. Tudo isto favorece uma Administração altamente submissa ao poder e pouco ou nada independente, pois em cada momento está em causa o emprego, a remuneração, a organização de vida.

Somente os heróis irão falar verdade ao poder e ousar ter uma visão que não seja a ele totalmente subordinada.

(Isabel Corte-Real, Visão, 2 de Agosto de 2007, p. 56)"

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Cada vez percebo menos disto

Então agora até o sr. Bagão Felix ultrapassa esta direcção do PS pela esquerda? Então não sabe que é preciso despedir cada vez mais gente para que o desemprego baixe? Até parece que é "Independente" ;)

( ;) é jocoso mas não dá direito a ir p'ró Torel"

"Bagão Félix considera que não há necessidade de mais flexibilidade nos despedimentos, referindo que “se os despedimentos não fossem flexíveis não tínhamos quase 500 mil desempregados!”.
“Despedimento sem justa causa parece-me um arbítrio inaceitável”, assegurou.

Ainda sobre a revisão do Código do Trabalho, refere que se está a elaborar um “conceito muito perigoso, que é o "despedimento por incompetência. Podemos estar a entrar no plano da pura discricionariedade, aproximando-nos de facto do despedimento sem justa causa”.

A diminuição do subsídio de férias e a diminuição da retribuição das horas extraordinárias são outros items com os quais não está de acordo."

A nossa tragédia

M!C - Movimento de Intervenção e Cidadania: "Está à vista desarmada que a sociedade portuguesa vive numa atmosfera de temor, caucionada pelo desemprego, pelo trabalho precário, pelo custo da vida, pelo incentivo à delação, pelo desprezo com que se trata os nossos velhos, pela recusa da esperança, pelo sombrio horizonte do futuro, pelo ataque indiscriminado ao Serviço Nacional de Saúde, pelas obscenas desigualdades sociais não só traduzidas no desespero e na angústia quotidianas como pelas afrontosas reformas auferidas por 'gestores' públicos - e mesmo privados. O medo cobre as situações que acabo de evocar. E esta 'cultura' do PS não provém de linguagens intraduzíveis umas das outras: resulta de um conflito generalizado, aberto ou latente, mais ou menos violento nascido na década de 80, com o 'cavaquismo'.

O artigo de Manuel Alegre falava da necessidade de uma visão social que rejeite as humanidades separadas. Essa civilização do universal, de que tem sido paladino, apela no sentido dos valores e dos territórios transculturais. Não creio que José Sócrates tenha conhecimentos suficientes para entender o que, depreciativamente, designa de um 'clássico' periódico. Não é tão-só problema dele. É a nossa tragédia."


DISCURSO SOBRE O MEDO
[Baptista Bastos, Público, 01-08-2007]

Quem o diz

Já houve quem se escandalizasse por eu próprio fazer afirmações do tipo que a seguir transcrevo. Se os actuais dirigentes do PS soubessem ler, esse ler maiúsculo que permite transpor as barreiras do escrito literal, teriam vergonha perante o facto de um moderadíssimo socialista se ver compelido a fazer as afirmações que transcrevemos parcialmente:

"O PS tem a alma a definhar. Ainda tem força interior, mas está disseminada por uns miilhares de militantes sem voz. O partido está a perder alma e identidade. A continuar assim, não pode chamar-se socialista, tem de mudar de nome."
[...]
Há novas formas de opressão, a própria União Europeia é uma congregação de multinacionais que têm no Conselho e na Comissão os seus representantes. O que resta da utopia socialista é o Estado Social. Por isso, é importante defendê-lo.
O socialismo é encurtar diferenças sociais e reduzir desigualdades. No fundo, mudar a vida.
[para melhor, depreende-se]
[...]
Mesmo havendo circunstâncias atenuantes, a prática do PS não está à altura da sua responsabilidade. Ao reclamar-se socialista, assume um legado histórico e deve ser fiel a ele.
[...]
Sempre fui moderado no PS. Hoje estou na extrema-esquerda e sou o mesmo! O partido
desviou-se tanto para a direita que, porventura,até estarei quase a sair [risos] ...
[...]
Como descreve a geração que está no poder?
É um produto das circunstâncias. Noto falta de cultura cívica. É gente sem reflexão sobre os comportamentos, a arte, a literatura e a história do nosso povo. A cultura é uma sabedoria que se recolhe da experiência vivida. Muitos deles não têm uma ideia para Portugal, não conhecem o País. Vivem do imediatismo, da conquista do poder. Conquistado, vivem para aguentá-lo. Esta geração vale-se mais da astúcia do que da seriedade. E aprendeu os ensinamentos de Maquiavel.
[...]
O que sente quando olha para o Parlamento?
Uma grande preocupação pelo futuro da democracia. Aquilo deveria ser o lugar de uma elite moral e intelectual. Mas para isso era preciso que as pessoas do povo fossem as «pedras vivas» de que falava António Sérgio. No meu romance autobiográfico, que sairá em Setembro, chamado Rio de Sombras, há um tipo que tem uma filosofia chamada Pantrampismo ...
[...]
Não há marcas de esquerda neste Governo. Essas deviam estar no terreno social mas, como já vimos, os direitos sociais estão um pouco proscritos. Não considero uma marca de esquerda ter promovido o referendo ao aborto, apesar de ter votado sim. Marca de esquerda era cumprir a democracia política, social, económica e cultural.
Dentro do Estado Social o direito à Saúde é fundamental. E aí as marcas não são de esquerda ...
[...]
O PS faz reformas que não devia. Se a direita fosse poder, não teria coragem de atacar o Serviço Nacional de Saúde [SNS] como o PS. E o PS, na oposição, não deixava!
[...]
Uma das formas de atacar o SNS é acabar com as carreiras médicas e transformar os funcionários públicos em assalariados por contrato individual.
Flexigurança, está a ver? Entretanto, anunciam-se grandes investimentos nos privados. Esses grupos só investem porque sabem que a política actual conduz ao definhamento do SNS. Voltamos ao tempo de Salazar, com uma diferença: não é preciso o atestado de indigência para ter atendimento gratuito.

António Arnaut in Visão de 26/07